sábado, 2 de julho de 2016

BOLO DE MACAXEIRA COM COCO E CALDA DE GENGIBRE


Esse post será um desafio. Não por sua receita (pois ainda não faço ideia qual será), mas pelo seu contexto. O primeiro desafio é escrever com a tela a 45º. Sim, sim, escrever no laptop de 14 polegadas dentro do avião com a poltrona da frente já reclinada não nos permite abrir o pc além de um ângulo agudo. O segundo desafio é me desligar um pouco do serviço de vendas a bordo e da simpática água que é servida como cortesia pelos comissários. Além disso, crianças, muitas crianças, inquietas, pessoas decidindo o que vão comprar, livros de colorir, pessoas que sentem medo do processo de decolagem, sinal da cruz, “já posso me levantar?” “Já posso tirar o cinto?” “Quero abrir a mesa”. “Quero brincar”. Com uma sequência de vetos, a criança apela a se ocupar com uma batatinha frita. “Não, espera a gente chegar no ar, aí você come”. “Isaaaaa, a gente tá voando”. Grita a criança que ocupa a janela à minha esquerda para a criança que está na janela da extrema direita. “Isaaaa, abre a janela!” Selfies. Muitas selfies. “Sorri pra gente mostrar depois pro papai”. “Mãe, mãe, deixa eu ver se o seu celular tem flash na frente (diz a mãe da criança da esquerda à avó da criança que está do meu outro lado, também no corredor. Passa celular pra cá, celular pra lá.

Diante desse entorno agitado, dormir estava fora de cogitação, seria muito provavelmente um esforço vão. Mesmo com todo o sono de quem dormiu às 2h, acordou às 3h30, chegou no aeroporto às 5h e teve seu voo cancelado devido à neblina que fechou o aeroporto não permitindo pousos ou decolagens. Fui reacomodada em outro voo e em outra conexão. A chegada não seria mais às 11h55, mas às 16h36. Oh não! Preciso chegar a tempo da festa de São João!!! Não há muito o que fazer nessas horas...

Mas tudo que disse até agora são só apêndices.

Diante dos preços absurdos praticados em aeroportos, além do fato das cias aéreas não servirem mais refeições ou lanches, adquiri o habito de preparar um farnelzinho antes de qualquer viagem. Dessa vez o meu piquenique particular não calculou a possibilidade de atrasos e resolvi me render e buscar comida no aeroporto de Congonhas. Peguei indicação e estava me dirigindo para um restaurante usado pelos funcionários que fica no subsolo, mas é aberto ao público. No caminho, deixei-me dispersar e acabei parando na franquia do Giraffas. Que vacilo! Pedi um stake bovino com legumes, arroz e fritas. Bem rápido já estava com o prato em minha frente. Sério, que tristeza. Que comida asquerosa. A carne não era carne. Era um pseudo hambúrguer ruim, feio, oleoso. Os legumes não tinham gosto de nada. Estava comendo em sofrimento. Não queria comer aquilo, mas não podia deixar aquele monte de comida ir pro lixo. Tinha comido cerca de 1/3 daquilo que estava no prato quando um rapaz com uma caixa de engraxate se aproximou e oferecendo-se para limpar os meus sapatos. Não aceitei a oferta e agradeci. Mas minha recusa não foi suficiente. Ele insistiu se eu não teria uma ajuda para que ele pudesse comer algo, sua casa tinha pegado fogo, ele não tinha se alimentado ainda naquele dia. Perguntei pra ele se aceitava o meu prato de comida. Fiz isso na dúvida se estava fazendo um favor ou uma ofensa. Apesar de todas as pessoas que comiam ali, aquela comida era ofensivamente ruim. Ele disse que não ia comer a minha comida e me deixar sem comer. Eu argumentei que já havia comido o suficiente e disse que se ele quisesse que não se constrangesse. Ele pegou, comeu, e voltou alguns minutos depois para me agradecer com um toque gentil no ombro. Eu ainda acho que ele me fez um favor infinitamente maior do que o que fiz a ele. Impressionante, mas não senti fome depois daquele 1/3 de refeição. Nenhuma. Uma vez ouvi uma frase que dizia que fazer dieta com comida ruim era muito fácil. Esta frase faz cada vez mais sentido. E não acho que comida boa precise de firulas. Falo de um bom arroz, feijão, bife e legume fresco. Tudo magrinho, bem temperadinho, feito por seres humanos com alma.  
Poderia ser pior se a Gol, ao invés de não servir lanche algum, servisse refeições do Giraffas
Agora conto as horas para chegar no meu nordeste, na festa de São João que já vai estar rodando a todo vapor quando eu aterrissar, e me fartar com usma belas pamonhas, canjicas, uma tapioca de coco, churrasquinho, milho verde, bolo preto, caldo sertanejo, munguzá, bolo de macaxeira... ah, bolo de macaxeira S2 S2 S2!

Enfim, como esse é um blog de receitas, agora digo pra vocês que tudo o que escrevi até agora era só uma introdução para ensinar o processo de preparo de um maravilhoso bolo de macaxeira (mandioca ou aipim!). Então, lets go!

Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 20 fatias

Ingredientes:
750g de macaxeira crua
4 ovos
100ml de leite de coco
200g de coco seco fresco ralado ou picado
1 + 1/2 xícara de açúcar
1/4 de xícara de óleo
uma pitada de sal
1 colher (sopa) de fermento . 

(Para a calda)
25 g de gengibre descascado 
100ml de água quente
75g de açúcar 
Devido a problemas técnicos precisei usar uma assadeira menor e mais alta (vide foto). Não recomendo.

Modo de Preparo:
Rale ou processe a macaxeira crua. Caso o seu coco não esteja ainda ralado, rale ou processe o coco também. Junte os demais ingredientes e misture deixando o fermento para acrescentar por último. Pré-aqueça o forno, despeje a mistura em uma forma ou assadeira devidamente untada e leve para assar a cerca de 200o C por aproximadamente 40 minutos. Tem que ficar de olho para ver se está com cara de pronto. Quando já estiver no forno, corte o gengibre grosseiramente e leve para ferver por 1 minuto junto com a água. Em seguida, bata no liquidificador. na mesma panelinha que você ferveu a água, coloque o açúcar para derreter com cuidado para não queimar. Quando derretido, coloque o "suco de gengibre" peneirado junto na panela e mexa até atingir o ponto de calda. Lembre que quando esfria ele fica mais grosso um pouco.
Desenforme o bolo depois de esfriar um pouco e despeje a calda só na hora que for comer ou sirva à parte para que cada um coloque como e quanto desejar.
Já com caldinha, ready to go! 

  


Um comentário:

  1. É amiga, ter que lidar com as companhias aéreas não está fácil! Já passei por tudo isso que você disse. Ainda bem que não existe preço a felicidade de saber que iremos encontrar pessoas que amamos com uma comida ótima nós esperando. Uns pedaços desse delicioso bolo de macaxeira são a melhor solução em um voo sem opções e aeroportos com preços de comida absurdos. Bjão! :D

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