domingo, 20 de dezembro de 2015

PATÊ DE FÍGADO DE GALINHA


Bisa Dóra no casamento da 
Vovi Esther em 1950 (é isso vó?) 


O post de hoje é um tanto polêmico. Polêmico porque fígado, assim como mamilos, é um assunto polêmico. Alguns amam, outros não podem ver nem pintado de ouro - têm ânsia de vômito, enjoo, asco! Eu, obviamente, estou no primeiro grupo. 

No entanto, não pretendo divagar sobre miúdos (nem suínos, nem bovinos e nem de aves!). O que pretendo refletir aqui, entre miúdos, é sobre herança. Aquele direito de herdar, ganhar ou conquistar algo através de uma sucessão. Aquelas coisinhas que nos são transmitidas através de um outro alguém que nos quer bem. Gosto de ressaltar que nem toda herança que recebemos é obrigatoriamente boa, a saber, o meu nariz adunco não foi uma boa herança; já a cirurgia plástica que ganhei 20 anos depois, uhuuuu, obrigada pai, obrigada mãe! Herança maravilhosa. Outra herança incrível que recebi foram algumas receitas da minha bisavó Dóra (vulga Bobby). 

A Vovó Bobby era daquelas que se entregava integralmente à cozinha. Não media esforços para garantir o bem estar familiar quando o assunto era comilança. Nos pratos mais fartos ou naquelas receitinhas mais raras e complicadas, em que os netos iam se estapear pelo pedaço melhor ou maior, ela estava sempre no comando, se certificando que todos estariam satisfeitos, bem alimentados e, claro, se deliciando com os seus quitutes. 


Bobby em seu posto oficial - no comando da cozinha em 199X

Uma verdadeira mestra na cozinha, tinha seus segredos, mas os repassava em detalhes para quem estivesse realmente interessado e querendo aprender. "Nem muito quente e nem muito frio", "nem muito duro e nem muito mole"... Era assim, com riqueza de minúcias que foi passando para as futuras gerações essas deliciosas heranças.
Super caderno de receitas da casa da mãe, 
com a letra da vó .

Hoje, a receita da Bobby que vai cair na rede é a do patê de fígado de galinha. Esta delícia foi resgatada pela minha vó, que aprendeu com a bisa Dóra, e escreveu no caderno de receitas da minha mãe, que me mandou a foto para que eu pudesse mostrar pro povo do Sul o que é patê de verdade. Como sou a favor da multiplicação das heranças, vou deixar aqui a receita para os que quiserem se aventurar na maravilhosa cozinha da Bobby.

Tempo de preparo: aproximadamente 1h30
Rendimento: Muuuuito, sério!

Ingredientes:
- 1/2kg de fígado de galinha 
- sal e pimenta do reino a gosto
- 4 a 5 dentes de alho triturados
- Vinho branco seco (não diz quanto na receita, mas acho que uns 80 ml devem dar conta) 
- 1 cebola
- 2 ovos duros

Modo de fazer: 
Limpar os fígados tirando as gorduras e lavando. Colocar numa tigela e temperar com sal e pimenta a gosto e com o alho socado e deixar marinar com vinho branco ou um pouco de vinho e vinagre. Misturar bem e deixar no marinado por uma hora. Em seguida, picar bem uma cebola e refogar numa panela com azeite até que a cebola fique transparente ou amarelada. Acrescentar o fígado sem o caldo. Fritar por 5 minutos e logo colocar o caldo que sobrou da marinada. Deixar evaporar um pouco sem colocar a tampa da panela. É importante lembrar que o fígado vai soltar água também. Em seguida, diminua o fogo e deixe cozinhar por 15 a 20 minutos. Se ficar muito seco, coloque um pouco de água na panela. Deixe esfriar bem e bata no liquidificador com os ovos duros. O resultado é algo supremo, divino, com aquele sabor único de casa de vó.

4 comentários:

  1. Parabéns pela iniciativa. Mogui! A vó Dora nos deixou belas recordações como está. Uma hora ainda eu faço está receita!

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  4. Que lindo Moguita, isso não tem preço realmente! Lembrar e reconhecer o valor da Bisa Dora é a melhor manifestação de carinho e amor que vc pode ter por ela! Um dia ainda quero ser lembrada como a Bisa Dora estar sendo, por muitas coisas malucas e rouxinóis ou pelo pão de Mãe, pelas Madeleines, pela Bûche de Noël ou simplesmente pela bela e deliciosa Galette de Rois que fiz ontem e que foi um sucesso! Parabéns pra vc e para a Bisa Dora !

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